09 fev 2016

Mudanças climáticas e os riscos à saúde

postado em: Curiosidades

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Secas, inundações, queimadas fora de controle. Efeitos diretos das mudanças climáticas, eventos extremos como esses têm se tornado cada vez mais frequentes e impactado diretamente a saúde de populações inteiras, especialmente aquelas mais vulneráveis, como crianças, idosos, e comunidades de baixo poder aquisitivo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) avaliam que as condições de conforto térmico afetarão milhares de pessoas – cerca de um quarto de todas as doenças e mortes que ocorrem no mundo já pode ser atribuído, em termos gerais, a fatores ambientais. Além disso, dados epidemiológicos vêm confirmando a estreita relação entre doenças cardiorrespiratórias e poluição atmosférica, e a disseminação de doenças transmitidas pela água ou por outros vetores devido aos eventos extremos causados pelas mudanças climáticas.

O agravamento da situação pode trazer riscos que vão além de doenças e suas formas de prevenção, impactando na infraestrutura, com a sobrecarga na capacidade de atendimento, a interrupção de serviços críticos de atendimento emergencial, redução na capacidade de tratamento e de eliminação de resíduos tóxicos ospitalares, e graves impactos financeiros. Por isso, a comunidade de saúde tem um papel vital a desempenhar na aceleração do progresso no combate às mudanças climáticas, tornando-se mais resiliente e preparada para enfrentar os novos e emergenciais riscos à saúde ao mesmo tempo em que reduz seu próprio impacto climático.

Entre as principais ações estão projetos para melhorar a eficiência das instituições de saúde – especialmente em relação ao uso de água e energia. Primeiro Hospital a funcionar com 100% de energia renovável nos Estados Unidos, o Kiowa Memorial Hospital, do Kansas, destaca-se entre as melhores práticas do setor. Todo o seu complexo foi desenhado com foco no baixo consumo e na energia renovável. No Brasil, um dos exemplos é o Hospital Amaral Carvalho, em Jaú (São Paulo), que adotou medidas para aumentar sua eficiência e reduzir as despesas com energia – como a instalação de aquecedores solares, equipamentos de lavanderia movidos a gás, substituição de lâmpadas normais pelas de LED, troca dos aparelhos de ar-condicionado por modelos mais eficientes, entre outros. Essa redução de custos permitiu empregar recursos na melhoria das instalações e do atendimento, com reformas para adequação de infraestrutura e modernização de equipamentos.

Desafio 2020

A discussão sobre como o setor de saúde vai se preparar para esse novo cenário chegou à COP 21. Organizado em paralelo à Conferência do Clima das Nações Unidas, um evento liderado pela rede global Health CareWithoutHarm reuniu líderes de saúde, representantes de hospitais e sistemas de saúde de todo o mundo para discutir estratégias com foco em projetos de redução da pegada de carbono e iniciativas para mitigar os efeitos das alterações climáticas na saúde pública. Os debates giram em torno da responsabilidade de hospitais e sistemas de saúde na redução de emissões de gases de efeito estufa por meio do uso de energias renováveis e de políticas de preparação para essas mudanças, como a intensificação no controle de doenças infecciosas, um planejamento de assistência à saúde de longo alcance, a preparação para o aumento de demanda em grandes cidades e o reconhecimento de possíveis mudanças no padrão de doenças já conhecidas.

Entre as principais iniciativas está o “Desafio 2020”. Lançado em abril de 2015 pela organização, o programa busca uma redução anual de 26 milhões de toneladas de CO2 e nas emissões de gases de efeito estufa, e marca o primeiro esforço internacional para rastrear e controlar as emissões de responsabilidade dos sistemas de saúde. Mais de oito mil hospitais em 13 países, entre eles o Brasil, já se comprometeram com o desenvolvimento de projetos e iniciativas para se adequar aos três pilares da proposta: reduzir a pegada de carbono, preparar-se para os impactos do clima extremo e para as alterações na carga de doenças, e educar equipes de saúde e público em geral promovendo políticas de proteção à saúde.

Mudanças climáticas e os riscos à saúde

– Lesões causadas por extremos climáticos como afogamentos e acidentes fatais;
– Aumento da incidência de doenças infecciosas ou transmitidas por animais, água ou alimentos;
– Subnutrição e complicação no desenvolvimento de crianças;
– Proliferação de alergias e distúrbios respiratórios crônicos;
– Agravamento de doenças crônicas;
– Crescimento de doenças e mortes associadas ao calor;
– Complicações relacionadas a stress e distúrbios de saúde mental;
– Deslocamento e migração de populações em busca de água.

Fonte: Global Green and Health Hospitals e GALILEU.

Título Original: COP 21: Mudanças climáticas representam riscos à saúde

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