05 abr 2016

Tendinite no punho é muito comum em mulheres que acabam de ter filhos

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A assistente administrativa Eliane Mendes, 36, descobriu que estava com tendinite da pior maneira possível. Enquanto dava banho na filha Gabrielle, hoje com um ano e meio, as mãos falharam e ela não conseguiu segurar a recém-nascida na banheira, o que quase provocou um acidente grave. “Na época, ela tinha só 46 dias. Foi um susto, porque ela engoliu muita água”, conta.

No período do puerpério, a tendinite no punho é uma das causas mais comuns de dor persistente, junto com a dor lombar. “Estamos falando do período que compreende as primeiras seis semanas após o parto, quando os órgãos da mulher voltam a ter as condições fisiológicas de antes da gravidez”, explica o reumatologista José Ribamar Moreno, diretor médico do CTIDor (Centro Intensivo de Tratamento da Dor), no Rio de Janeiro.

Apesar de piorar no pós-parto, quando os cuidados com o bebê exigem movimentos repetitivos do polegar, da mão e do punho, a inflamação dos tendões pode aparecer a partir do terceiro trimestre de gestação, por conta das alterações hormonais. As mulheres que já sofriam com crises de tendinite antes da gestação podem sentir os sintomas com mais intensidade.

São dois os tipos mais comuns: a tendinite de Quervain, também chamada de tendinite gestacional, que inflama os tendões da região do punho; e a síndrome do túnel do carpo, que comprime o nervo mediano, resultando em dores nas mãos e nos dedos.

A estudante Fernanda Avelar, 18, mãe de Felipe, 2, também sofreu para dar banhos no filho recém-nascido. “Só fazia quando tinha alguém por perto para auxiliar, pois a dor vinha do nada e me fazia perder completamente a força e o movimento das mãos. Às vezes, chegava a chorar de dor”, diz.

Dificuldade ao movimentar a mão e o punho para as laterais, agarrar as coisas e uma dor intensa ao tentar aproximar a ponta do polegar da palma da mão são alguns dos sintomas do problema.

Geralmente, basta um exame clínico e o conhecimento do histórico do paciente para fechar o diagnóstico. “Também podem ser pedidos exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética, para confirmar o quadro”, diz o ortopedista Cássio Trevizani, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Tratamento

Uma vez diagnosticada a tendinite, a primeira providência é reduzir a sobrecarga e o esforço repetitivo na região. A fisioterapia pode ser recomendada como medida paliativa, assim como medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios compatíveis com o período gestacional e, mais tarde, com a amamentação.

“A imobilização noturna do punho, em posição neutra –nem estendido nem flexionado– também ajuda”, diz o ortopedista e cirurgião de mão Marcelo Hide Matsumoto, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O procedimento alivia a dor no período da noite, quando já se está na cama.

O médico também pode recomendar o uso de tala ortopédica durante o dia. “Usei durante alguns meses, para evitar mexer demais as mãos”, conta Fernanda. Tanto ela quanto Eliane viram as dores diminuírem após saírem da fase de cuidados intensos com os filhos. E esse é o caminho natural, de acordo com os especialistas. “Geralmente, ao passar o puerpério, a inflamação reduz”, afirma Matsumoto.

Prevenção

Evitar o problema é possível. De acordo com a fisioterapeuta Tayla Perosso de Souza, mestre em ciências da saúde pela Unifesp, alguns exercícios podem ser realizados ainda na gestação. “Movimentar mãos e pés para cima e para baixo, algumas vezes durante o dia, ajuda a diminuir a retenção de líquidos nessas áreas e estimula a circulação”, diz.

Outros cuidados também favorecem a redução do edema na gravidez, como manter uma dieta saudável para evitar o sobrepeso, controlar a pressão arterial e os níveis de glicose do sangue, assim como praticar exercícios sem carga, regularmente. “Quem teve tendinite pode investir em fisioterapia preventiva, que ajuda a fortalecer a musculatura da região”, fala Moreno.

Fonte: UOL.

Título Original: Tendinite pode afetar mulher com filho recém-nascido ou ainda na gestação

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