Para cada mil litros de gasolina comercializados no posto de combustíveis, 1,3 litro evapora durante o abastecimento. Essa perda provoca a contaminação do meio ambiente e aumenta o risco de danos à saúde do trabalhador. O alerta é do coordenador da Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz), Carlos Eduardo Domingues. Segundo ele, a exposição ao benzeno acontece de forma agressiva, já que a gasolina contém obrigatoriamente um por cento do produto tóxico.
Ao participar do I Seminário de Segurança e Saúde do Sul do Estado, em Barra Mansa, na última quinta-feira (10), Carlos Eduardo, disse que apesar da alta quantidade de benzeno contido na gasolina, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) adota a nomenclatura mundial. “Para cada 30 mil litros de gasolina são adicionados 300 litros de benzeno. Todo esse produto tóxico está bem perto do trabalhador, armazenado no tanque do posto”.
Carlos Eduardo destaca que o benzeno não é um problema só para o trabalhador, mas para toda sociedade. Segundo ele, pesquisas comprovam uma incidência maior de leucemia em crianças que moram próximas a postos de combustíveis.
Riscos de exposição
Carlos Eduardo informa que a contaminação pelo benzeno pode ocorrer pelas vias aéreas, oral e cutânea. Ele cita que hoje a exposição pela via oral é mais incomum, mas pode acontecer pela contaminação da água. O trabalhador do posto está mais suscetível a contaminação pela via aérea e cutânea. A exposição a gasolina, que retornou durante o abastecimento, infelizmente ainda é comum. Já o uso do paninho no posto foi praticamente abolido em todo país.
O maior risco de contaminação é pelo ar- vias aéreas- , já que toda o vapor da gasolina contém benzeno numa quantidade considerável. Carlos Eduardo diz que os pesquisadores trabalham para alterar a legislação e mudar essa realidade. Ele afirma que não há nível seguro para exposição ao benzeno.” Qualquer que seja o nível de exposição está relacionado ao agravo da saúde do trabalhador, isso tem a ver com a questão previdenciária e abre uma ampla discussão sobre o assunto”.
Consequências
A exposição aguda ao benzeno pode provocar irritação nas vias aéreas, nos olhos e levar a perda de consciência. Já os efeitos crônicos causam alterações imunológicas, nas células sanguínea, redução de plaquetas, anemia e alteração no sistema reprodutivo. O benzeno é Carcinógeno para os humanos- capaz de provocar câncer- como determina a nota interministerial nº 9, de outubro de 2014. A portaria publicada pelos Ministérios do Trabalho, Saúde e Previdência Social criou a Lista Nacional dos Agentes Cancerígenos para Humanos, onde o benzeno figura no Grupo Um, o mais perigoso.
Medidas de Controle
Carlos Eduardo, que também é chefe de fiscalização da gerência regional do Ministério do Trabalho, em Volta Redonda, diz que infelizmente ao vistoriarem as empresas, os técnicos têm como medida de controle a PPRA que determina o uso do Equipamento de Proteção Individual. Ele cita, no entanto, que o EPI ao proteger pode representar um risco para o trabalhador, pois tira a noção da gravidade de contaminação pelo benzeno. Para ele, no caso dos postos de combustíveis, o EPI não é o principal modo de ação de medida de controle.
O coordenador da Comissão Nacional Permanente do Benzeno revelou que é preciso adotar medidas que previnam a liberação desse agente no ambiente. Ele citou como exemplo a NR 20, que já trata das medidas de contenção que reduz o nível de exposição do trabalhador através da melhoria do ambiente.
Carlos Eduardo Informou que a CNPBz trabalha hoje para alterar a legislação e incluir na NR 9 , a obrigatoriedade da instalação do Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) junto às bombas de gasolina. A nova tecnologia vai retirar da zona de respiração dos trabalhadores vapores liberados pela gasolina. A troca de todas as bombas de gasolina do país deve ocorrer num prazo de 12 anos. Carlos Eduardo afirmou que o anexo, que será incluído na NR 9, não trata apenas de medida de controle, mas também de treinamento da mão de obra.
Fonte: Força Sindical.
Título Original: Medidas de controle reduzem exposição de frentistas ao benzeno