28 jan 2019

Riscos químicos presentes na rotina do trabalhador

postado em: Saúde do Trabalhador

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Você sabia que alguns ambientes de trabalho podem conter até 900 agentes cancerígenos diferentes que causam riscos à saúde do trabalhador? É isso que afirma o Ministério da Saúde, que divulgou neste mês um estudo sobre como é possível reduzir o risco de adoecimento por câncer na rotina do trabalhador.

A pesquisa deu origem ao Atlas do Câncer Relacionado ao Trabalho no Brasil que trouxe dados muito impactantes sobre os riscos químicos aos quais os trabalhadores podem estar expostos diariamente. Segundo a publicação, evitar o contato com poeiras orgânicas, agrotóxicos, metais, solventes, produtos petroquímicos e radiação podem reduzir em até 37% os casos de alguns cânceres relacionados ao trabalho.

No atlas, estão relacionados os diversos agentes com alto potencial cancerígeno e que podem ser evitados com medidas preventivas, como o uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

Confira alguns dados importantes sobre o câncer no ambiente de trabalho:
– 18 tipos de cânceres podem estar relacionados à atividade diária dos trabalhadores;

– Os cânceres podem ser desenvolvidos devido ao “longo período de exposição” ou às”condições de risco” do ambiente de trabalho.

– 37% das mortes por leucemias poderiam ser evitadas sem a exposição aos agentes.

– 15% de mortes relacionadas ao câncer por tireoide, pulmão, brônquios e traqueia também poderiam ser evitadas.
Isso nos faz abrir os olhos em relação às ações de prevenção de riscos que precisam ser implantadas em todos os ambientes industriais para promover a saúde dos trabalhadores, não é mesmo?

Os riscos químicos

A Fundação Oswaldo Cruz define risco químico como “o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem causar-lhe danos físicos ou prejudicar-lhe a saúde”.

Entre os danos físicos relacionados à exposição química estão: a irritação na pele e olhos, queimaduras leves, doenças respiratórias crônicas, do sistema nervoso, renais e hepáticas e até diversos tipos de cânceres, como citado anteriormente.

Estes riscos podem decorrer de situações como inalação de vapores, ingestão, contato com a pele e olhos e até casos de explosão. O fato de as substâncias químicas serem encontradas em diversos estados (líquido, sólido ou gasoso) dificulta ainda mais as medidas de prevenção e controle nas indústrias.

Quais os efeitos das substâncias químicas

As substâncias químicas podem causar efeitos no nosso organismo, como os que estão relacionados a seguir:
Asfixia: causada por gases (hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono, monóxido de carbono). Alguns sintomas são comuns neste caso, como dor de cabeça, sonolência, enjoo, convulsões e coma, podendo levar à morte.

Irritação: alguns produtos como os ácidos clorídrico e a soda cáustica, podem causar irritação nas vias aéreas.

Anestesia: gases como acetona, benzeno, butano e outros podem atuar como depressores do sistema nervoso central.

Norma Regulamentadora 32

A NR-32 – “Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde” – estabelece quais são as práticas adequadas para o contato e a manipulação dos agentes químicos no ambiente de trabalho. Um dos pontos mais destacados é a importância de as indústrias prevenirem situações de risco e, quando necessário, produzirem a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) a fim de adotarem práticas mais seguras para determinadas situações.

Como identificar os riscos químicos?

A gestão de segurança do trabalho deve ser responsável por uma análise detalhada do ambiente laboral. Este mapeamento deve incluir todos os riscos químicos aos quais o colaborador está exposto.

A análise pode ser feita qualitativamente, que leva em consideração a relação entre dose e efeito no trabalhador, ou quantitativamente, em que são mensurados os riscos químicos e a quantidade de contaminação de cada produto.

Prevenção é sempre o melhor caminho

Com o mapeamento dos riscos, algumas ações preventivas precisam ser tomadas:
– Realizar o correto armazenamento das substâncias químicas;

– Garantir o uso de EPCs: cones, correntes e faixas de segurança; placas de sinalização; sirenes, alarmes e alertas luminosos; cadeados de bloqueio, barreiras contra luminosidade ou radiação e sistema de ventilação e exaustão para eliminar gases, vapores ou poeiras contaminantes;

– Exigir o uso de EPIs: máscaras, roupas especiais, óculos de proteção, luvas, respiradores, botas, entre outros;

– Oferecer a realização de exames regulares à toda equipe: é dever da empresa ter um médico responsável pelo acompanhamento dos trabalhadores, a fim de que se houver qualquer problema, ele será identificado precocemente e o tratamento seja realizado o quanto antes;

– Orientar os trabalhadores sobre como realizar corretamente o manuseio das substâncias e sobre o tempo limite que os funcionários podem ficar expostos à contaminação.

Com estas diretrizes você já pode garantir a implementação de medidas de proteção que visem à segurança e a saúde dos trabalhadores na sua indústria!

Sobre o autor: João Marcio Tosmann é formado em Engenharia Elétrica, com ênfase em Eletrônica, pela PUC-RS, com pós-graduação em Administração Industrial pela USP e MBA em Marketing pela ESPM.

Possui experiência em projetos de manutenção industrial e logística em autopeças. Atuou como membro da diretoria do Complexo Industrial Automotivo General Motors (CIAG) e líder de projetos de novos veículos como Celta (General Motors) e EcoSport (Ford). Atualmente é diretor da Tagout (www.tagout.com.br), indústria de produtos de Bloqueio e Etiquetagem que oferece consultoria, treinamento e elaboração de procedimentos para implantação do Programa de Controle de Energias Perigosas (PCEP).

 

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