Os números dos acidentes elétricos no Brasil são impressionantes. Só em 2016 foram 1.319 casos, com 599 mortes no país. A região Nordeste registrou o maior número de vítimas fatais (271 mortes), seguida pelo Sudeste (116 mortes), Sul (109 mortes), Centro Oeste (60 mortes) e Norte (43 mortes). Destes, apenas 171 foram acidentes domésticos.
Este levantamento de acidentes realizado pelo Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre), reforça ainda mais a importância de zelar pela segurança dos trabalhadores que atuam nas atividades que envolvem o uso de energia elétrica.
O dever de zelar pela saúde e segurança dos trabalhadores é da empresa. No entanto, o comprometimento para que isso aconteça, deve ser de toda a equipe. Isto porque o melhor dispositivo de segurança ainda é um empregado bem treinado, atento e cuidadoso. E a prevenção é sempre o melhor caminho!
Ocorrências
Se não for devidamente controlado, o uso da energia elétrica pode causar ferimentos graves. Muitos especialistas dizem que os acidentes no trabalho acontecem por desconhecimento, descaso ou descuido. Você sabe como a sua empresa deve atuar para reduzir os riscos de acidentes elétricos?
Listamos para você cinco pontos importantes que precisam estar bem resolvidos no seu negócio:
1 – Equipe comprometida com comportamento seguro
Quem pode contar com uma equipe preocupada e engajada quando o assunto é segurança, já sai na frente. A falta de adesão a procedimentos padrões é um problema que deve ser corrigido, mas, para isso, é preciso criar e estabelecer uma cultura da segurança na sua empresa.
Essa cultura engloba as crenças, as atitudes, as normas e as práticas de trabalho que devem ser compreendidas e seguidas por toda a equipe. Cada um dentro da empresa representa um papel importante na garantia da segurança todos.
O primeiro passo é estabelecer um programa que valorize os comportamentos seguros nas atividades elétricas (e outras, é claro) e as melhores práticas no local de trabalho. Entre os benefícios para a empresa estão a redução do número de acidentes, a maior competitividade no mercado, o aumento de produtividade dos trabalhadores e o comprometimento da equipe.
2 – Uso obrigatório de equipamentos de proteção individual e coletiva
A liberação de energia elétrica inesperada pode ocorrer em diversas situações, como durante a manutenção de máquinas e equipamentos, por exemplo. Para evitar ocorrências a desenergização é fundamental para que o trabalhador possa executar o seu trabalho em segurança.
E daí a importância dos procedimentos de bloqueio e etiquetagem para a proteção dos trabalhadores. É a partir desses dispositivos que são prevenidos os riscos de transmissão ou liberação de energia durante uma atividade, evitando o acionamento acidental de um equipamento ou sistema.
Entre os dispositivos utilizados para este fim estão: os cadeados de bloqueio, a caixa de bloqueio, os travamentos de disjuntores, o cabo de bloqueio geral, as garras de bloqueio para travamento de grupos, entre outros.
Além destes, o uso das etiquetas de bloqueio e placas de sinalização são essenciais para alertar aos funcionários quando um equipamento pode ou não pode ser operado, devido à uma pane ou um período de manutenção.
Os equipamentos de proteção individual devem ser utilizados quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente de trabalho, ou seja, quando a proteção coletiva não for viável, eficiente e/ou suficiente para a eliminação dos riscos. Entre os EPIs mais utilizados nas indústrias estão: capuz ou balaclava para a proteção da cabeça; óculos e viseiras para proteção de olhos e face; luvas e mangotes para proteção de mãos e braços; máscaras e filtros para proteção respiratória; coletes e macacões para proteção do corpo; sapatos, botas e botinas para proteção de pernas e pés.
3 – Cuidados na realização das atividades
O funcionário precisa ter cuidado na realização de suas tarefas. Isso assegura o máximo de segurança para si mesmo, seus colegas de trabalho e todos da empresa. Para isso, existe a técnica de autoverificação, que ajuda a reduzir a ocorrência de erros nas atividades industriais.
Este procedimento é muito importante quando se fala em energia elétrica. Trata-se da verificação executada pelo próprio trabalhador, mesmo que a atividade desempenhada seja parte de sua rotina: como testes para a conexão de uma instalação elétrica, posicionamento de chaves de controle e disjuntores, instalações de fusíveis, entre outras.
Deve ser realizada em 4 etapas:
PARAR – faz com que o funcionário pare antes da execução da tarefa e aumente a sua atenção para realizar a tarefa de forma correta.
PENSAR – oportunidade para entender o que deve ser feito, identificar se tudo está de acordo com o previsto para a execução da tarefa.
AGIR – executar efetivamente a tarefa.
REVER – avaliar e assegurar que a atividade foi realizada com sucesso.
Pode-se dizer que diante do perigo, devemos criar meios para controlar os riscos elétricos, garantindo que o acidente não aconteça.
4 – Capacitação e treinamento em dia
Muitas técnicas e medidas existem para que as atividades que envolvem o manuseio da energia elétrica sejam seguras. No entanto, essas ações não são eficazes sem o devido treinamento do trabalhador que irá atuar nesta frente.
É importante reforçar que somente profissionais autorizados e que estiverem treinados poderão realizar trabalhos em instalações elétricas e nas suas proximidades. Por isso, os treinamentos e as melhores práticas devem estar sempre atualizados. Uma boa forma de fazer isso é implementar o Diálogo Diário de Segurança (DDS) na sua empresa.
Essa atividade consiste na realização de breves reuniões diárias entre trabalhadores e os gerentes imediatos. Nestes encontros devem ser abordados temas importantes para estabelecer a cultura de segurança. Em especial, os tópicos relativos aos riscos das tarefas a serem desenvolvidas pela equipe. É uma forma bem importante de manter os trabalhadores sempre atentos aos procedimentos de segurança.
5 – Atuação efetiva da CIPA
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é uma ferramenta de extrema importância. É por meio da atuação de seus membros que é possível estabelecer a cultura de segurança na empresa e obter o engajamento da equipe. Entre os seus deveres estão: manter atualizado o mapa de riscos das diversas áreas da empresa e a realização da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT).
Gostou do artigo? Se quiser compartilhar comigo a sua opinião, envie um e-mail para joao.tosmann@tagout.com. Aguardo o seu contato!
*Sobre o autor: João Marcio Tosmann é formado em Engenharia Elétrica, com ênfase em Eletrônica, pela PUC-RS, com pós-graduação em Administração Industrial pela USP e MBA em Marketing pela ESPM. Possui experiência em projetos de manutenção industrial e logística em autopeças. Atuou como membro da diretoria do Complexo Industrial Automotivo General Motors (CIAG) e líder de projetos de novos veículos como Celta (General Motors) e EcoSport (Ford). Atualmente é diretor da Tagout, indústria de produtos de Bloqueio e Etiquetagem que oferece consultoria, treinamento e elaboração de procedimentos para implantação do Programa de Controle de Energias Perigosas (PCEP).